Numa lápide do cemitério,
Deixaram envoltas em fitas,
Uma dúzia de rosas vermelhas.
A foto era amarela e antiga,
Inscrição apagada, descolorida.
Provavelmente uma namorada,
Um amor que se foi...
Eu nunca ganhei rosas vermelhas.
Como invejei aquela morta,
Que mesmo estando deteriorando,
Se fazia desejada, amada, lembrada
E eu aqui mofando... Em vida!
Uma alma fúnebre que respira
E nunca ganhou rosas...
Peguei as fitas e joguei,
Uma a uma, no túmulo ao lado.
Cada botão de rosa que eu tocava
Morria, murchava condenado
A ser um morto - vivo despeitado,
Como meu coração ali se mostrava,
Um mero órgão desapaixonado...
E a foto da inscrição apagada,
Verteu duas lágrimas caladas,
Longe da percepção humanamente sentida
Chorou por ter em morte gesto tão pleno de vida
__Uma dúzia de rosas vermelhas querida!
E nem percebeu que haviam lhe roubado,
Nem as flores, nem as fitas...
Disso aprendi que o que vale
Não são as rosas que por ventura receba,
Mas o amor que por certo distribua,
Que faça, mesmo em morte, ser lembrada,
Mesmo depois de deteriorada,
Continuar a ser desejada e querida.
Isso é só para os que foram plenos em vida!
Me Morte
segunda-feira, 3 de agosto de 2009
Uma dúzia de rosas vermelhas, querida...
Postado por MPadilha às 00:04
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2 comentários:
Gostei de ver, estréia com stilo...
gostei muito, realmente!
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